Os últimos anos foram — e continuam sendo — particularmente desafiadores para a maioria das pessoas. Muitas nunca haviam vivenciado um período tão difícil quanto esse, em que enfrentamos desde uma crise de saúde global até recessões econômicas e conflitos internacionais.
O desafio da liderança
Com tudo isso, um cenário complexo e inédito foi se construindo, dando origem a novos desafios que afetaram principalmente pessoas em cargos de liderança.
Ter que guiar uma equipe ou empresa durante esse contexto, enquanto também lidavam com o impacto disso em si próprias, sem qualquer conhecimento ou preparo para o que estava por vir, com certeza não foi nada fácil.
Em uma entrevista à Emma Jacobs, do Financial Times, um dos líderes da PwC dos Estados Unidos disse: “Líderes não tinham um manual para o trabalho híbrido ou para a inflação alta. Novos gestores nunca trabalharam durante uma recessão antes.”
Como consequência, a maioria recorreu ao “freestyle”, ou seja, estavam motivados a trabalhar mais, de forma mais eficiente e buscando por algo “melhor”, mas isso não funcionou — foi o que escreveu Betsy Leatherman em um artigo para a Fortune.
Uma pesquisa da Leadership Circle, por exemplo, avaliou a influência da pandemia e concluiu que gestores de todos os níveis se sentiram desafiados pelo aumento da demanda de suas capacidades de liderança.
Entre eles, 64% dos gestores de nível baixo relataram sofrer com as interrupções do home office, enquanto 48% dos de alto nível se sentiram desconectados de seus subordinados.
Ao enfrentar situações adversas como essa, nem sempre o esforço é suficiente. Quando estamos falando de um caso sem precedentes para a maioria das pessoas, é preciso contar com mais do que apenas dedicação.
Nesse caso, foi necessário buscar o apoio de profissionais independentes, que enxergassem o cenário de forma ampla e pudessem favorecer novas perspectivas.
Superando desafios com o coaching
O processo de coaching executivo é voltado para o desenvolvimento profissional de uma pessoa, auxiliando-a a perceber quais são seus principais desafios, o que a impede de superá-los e oferecendo as técnicas e ferramentas que podem contribuir com sua transformação de comportamento.
É por isso que, desde o início da pandemia, a busca por coaches teve um crescimento notável. Independente do cargo, executivos dos mais diversos setores perceberam a importância desses profissionais para orientá-los nessa nova jornada.
Apesar de, em um primeiro momento, o setor ter enfrentado uma queda severa — já que a maioria das instituições cortou o máximo de gastos possíveis — , posteriormente pudemos observar que a procura pelo serviço subiu expressivamente.
Outro levantamento, dessa vez o ICF Global Consumer Awareness Study (GCAS), da Federação Internacional de Coaching, apontou que não apenas o coaching continuou a crescer nos últimos anos, como também se mostrou ainda mais relevante em cenários de grande pressão e mudanças.
Percebemos isso nitidamente na fala de outro entrevistado da matéria de Jacobs, que afirmou que “ser desafiado e guiado mensalmente por alguém independente garantiu que estivesse preparado para responder questões complexas.”
Perspectivas para o futuro
Assim, percebemos que a pandemia redefiniu muitos parâmetros que antes eram certezas, e acelerou tendências que estavam em crescimento.
Se antes de 2020 já percebíamos que a cultura de uma empresa e as habilidades interpessoais se tornariam valiosos para reter talentos e impulsionar a produtividade, hoje eles se tornaram essenciais para tal.
Portanto, enxergo essa mudança positivamente não somente porque significa que minha profissão está sendo mais reconhecida, mas porque ela representa que as pessoas estão entendendo a importância de se autodesenvolver, de evoluir como profissional e de acompanhar esse novo contexto que estamos adentrando.
Percebo que, para o futuro, teremos uma liderança muito mais preparada para lidar com desafios — não porque terão um “manual”, mas porque terão desenvolvido autoconhecimento, inteligência emocional e habilidades interpessoais.