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Recentemente tenho falado muito sobre como a relação das pessoas com o trabalho se transformou.

E esse é um fenômeno geracional. Uma matéria de 2017 da CNN Brasil¹, por exemplo, já trazia dados sobre como a nova geração tende a ficar menos tempo em seus empregos, justamente porque “[…] em vez de fazer carreira e buscar a vocação para o resto da vida, jovens profissionais tendem a desejar uma carreira um pouco mais movimentada.”

Quando a pandemia veio, isso se intensificou. Não só pelo desejo de uma carreira movimentada, mas também pela mudança de valores que atingiu diversas gerações — família, saúde mental e tempo de qualidade passaram a ser imprescindíveis para muitas pessoas.

Mas será que poderia existir mais alguma coisa por traz desse fenômeno? Talvez esses dois que mencionei anteriormente sejam grandes influências, mas não são as únicas.

Quando falei sobre a Grande Resignação, trouxe uma pesquisa da McKinsey que achei muito expressiva. Ela dizia que grande parte das pessoas tem optado pela demissão voluntária por não se sentirem pertencentes à organização, além de não se sentirem valorizadas pela liderança e pela própria empresa.

Em contextos como esses, não é de se espantar que a forma como as pessoas enxergam o trabalho e sua carreira esteja se transformando. Enquanto líderes, precisamos refletir sobre nosso papel nessa situação.

Propósito e liderança

Existem diversos estudos que falam sobre a diferença, em números, de empresas que têm uma cultura muito forte ligada a seu propósito, quando comparadas com as que não têm. Isso melhora a relação e a confiança dos clientes com a organização, além de influenciar em sua imagem pública.

E para que esse propósito tenha impacto nos clientes, é preciso que ele seja vivenciado diariamente pela equipe. Além dos números, ter uma cultura organizacional positiva e genuína é benéfico para o time, que se sente mais engajado, motivado e, até mesmo, mais saudável.

Entretanto, o mais natural é que essa vivência aconteça de cima para baixo, começando pela liderança. Quando a liderança vive o propósito, a tendência é que a equipe seja um reflexo.

No momento em que isso acontece, a tendência é que haja melhora na produtividade, no engajamento e na retenção de pessoas. Isso foi comprovado em uma pesquisa da Cambridge University em parceria com a empresa inglesa Contexis. Em entrevista para a Harvard Business Review, o CEO da Contexis² disse:

“Líderes que incluem seu propósito como cultura percebem um aumento na produtividade da equipe entre 25% e 40%, e aumento similar na retenção. Nesse período pós-pandemia, nós geralmente vemos a rotatividade de pessoas na casa dos 40% entre as empresas menos conectadas com o propósito, e raramente mais que 2% daquelas conectadas com o propósito organizacional.”

É importante ressaltar que isso também acontece pelo lado negativo. Um estudo³ com mais de 3.200 líderes revelou que, em empresas cuja liderança vive pelo ditado “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, as pessoas são três vezes mais propensas a serem desonestas.

Uma equipe é o reflexo da liderança e isso fica cada vez mais nítido.

Cultura organizacional

Quando falamos de cultura, apesar de cada organização possuir a sua, é importante que alguns pilares estejam presentes para que um cenário positivo se concretize. É o caso da confiança na equipe e da liberdade para se expressar e agir.

Quando a equipe está alinhada, as suas decisões serão tomadas com base no propósito, buscando realizá-lo. Dessa forma, é possível dar liberdade de ação para as pessoas, além de evitar o microgerenciamento e a sobrecarga, especialmente de gestores.

É como um ciclo, em que viver o propósito leva a liderança a confiar em sua equipe, o que leva a equipe a agir com mais assertividade, autonomia e a se engajar mais com a organização, e isso, por sua vez, alivia o fluxo de trabalho da liderança e gera ainda mais confiança nas pessoas.

É claro que criar uma cultura positiva e agir pelo propósito é desafiador, especialmente com tantas adversidades do dia a dia. Meu trabalho é justamente ajudar líderes nesse caminho tão necessário.

¹ Buscando qualidade de vida e sentido no trabalho, jovens “pulam” mais e emprego

² How Executive Teams Shape a Company’s Purpose

³ Build Your Reputation as a Trustworthy Leader

Tatiana Trivellato

O que o mundo está perdendo quando você não revela o seu potencial? Contribuo pra que pessoas se transformem, potencializem a sua essência, e tenham maior clareza das suas escolhas – encontrando possibilidades onde antes não era possível. Essas transformações possuem um efeito sistêmico, com mudanças no ambiente onde vivem, equipes, empresas, e no mundo.

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